Este fim de semana houve matança do porco em casa de uns amigos em Viana do Castelo. Foi um fim de semana com muita chuva, ou melhor, rios e rios de chuva, já que as estradas estavam completamente inundadas de água, fazendo nascer rios de água em estradas de asfalto.
Já há muito anos que não ía a uma matança do porco... e bem dito, acabei por ir e não ir. Ou seja, escapulimo-nos à parte que eu odeio, a parte da morte do animal e "colamo-nos" à parte boa da coisa: a comida!!! Para além de eu adorar a gastronomia do Minho, a mãe da Rosa, a D. Lúcia cozinha muito bem... e ... em enormes quantidades! No Sábado lá fomos nós almoçar a casa dela... imagine-se a mesa... ora aqui está...
Mesmo grande não é... ? À que dar de comer a todos que ajudaram à matança e a "estes" Mouros" que se colam sempre a estes eventos :)
No Domingo a ementa foi uma canja de galinha caseira de se lhe tirar o chapéu, com massinhas e o caldo muito saboroso. De seguida, vieram para a mesa travessas de carne do porco, costelas, ossos, lombos, chouriço e outras partes do animal que não identifiquei, tudo cozido e acompanhado de umas couves portuguesas excelentes e adocicadas, batatas e cenouras. Tudo acompanhado de um vinho tinto verde bastante bom. Escusado será dizer que perdi a conta ao quanto comi.... quando me dizem que a seguir vem o Sarrabulho... vem o quê??, perguntei eu, já encostada à cadeira e refastelada, que já nem conseguia respirar de tanto comer.
Não há problema... come-se uma ou duas uvas em aguardente (na primeira foto, facilmente as confundimos com azeitonas, não é?) que ajudam a digestão. Esta iguaria, que eu já tinha provado em casa da D. Lúcia e o Senhor Pereira o ano passado, é de facto muito eficaz, embora não tivesse sido milagrosa! Mas sempre consegui arranjar um espaço para duas colheres de arroz e um pouco de chouriça fresca.
Lá começaram a aparecer as travessas do dito arroz e umas travessas de chouriças. Estas chouriças são frescas e feitas com o sangue do porco e mais qualquer coisa por certo, mas que eu não apanhei. Estas chouriças são apenas fervidas em água e vão para a mesa acompanhadas de rodelas de limão que o comensal pode utilizar para regar o arroz de sarrabulho.
Mas como as imagens valem por tudo aqui fica mais uma:
A receita da D. Lúcia: coze-se os lombinhos do porco em água. Reserva-se a água para fazer o arroz. Faz-se um refogado de cebola e junta-se o arroz e a água da cozedura da carne. Tempera-se de sal se necessário e deixa-se cozer o arroz. Desfia-se os lombinhos de porco e quando o arroz está a ficar malandro junta-se a carne bem desfiada e o sangue do porco. Leva-se a "correr" para a mesa, ainda a ferver e bem malandro. DIVINAL!
Mais estórias...
"Aliás esforço seguido, também, pelo Adelino Tito Morais que apresentou no II Congresso Nacional de Gastronomia de Santarém uma tese subordinada ao título “Arroz de Sarrabulho de Ponte de Lima”. Tudo terá começado a partir de 1860, na Vila de Ponte de Lima após o casamento de Pedro Joaquim dos Santos com Clara Rosa Penha: ele de Calheiros e Arcozelo, ela da freguesia da Feitosa. José Augusto Vieira já se refere ao Sarrabulho na sua obra “O Minho Pitoresco” (1886). Mas será o Cónego Barbosa Correia (falecido em 1981), e que morou defronte ao restaurante Clara Penha que afirma ter sido a apresentação do Arroz de Sarrabulho, aquando da sua Missa Nova em 01 de Janeiro de 1916. Belozinda Varela após o falecimento de sua tia Clara Penha continuou com o sucesso do arroz de Sarrabulho, fez escola, teve bons alunos (cozinheiros e cozinheiras) e diz-nos como foi possível transportar para Viana do Castelo esta iguaria. Assim como, a fundação do Restaurante Encanada no mercado municipal, na década de 40 por uma sua sobrinha (Adelina Rocha Barros), depois o Gaio e depois Manuel Padeiro. A receita, segundo nos informou Belozinda Varela, teria chegado a Viana com uma cozinheira de nome Se Rosa Paula, cujas descendentes em Ponte de Lima ainda existem (netas e sobrinhas-netas).
Então, “El Rei” sarrabulho, metia papas, arroz de sarrabulho, os rojões com batatinhas louras e o sangue esfarelado, o lombo com belouras, farinhotas, batata assada e castanhas e, a terminar, o leite creme queimado pela férrea, estaladiço, gostoso. Não se usava muito o “sarrabulho”, diz-nos Belozinda Varela. Era mais o bacalhau da seca de Viana, os filetes de pescada à Clara Penha, a pescada no forno, um arroz de pargo e lagosta, um arroz de frango, soltinho."
Retirado de http://confrariadosarrabulho.com/
bem...que rico dia bem passado!! quanto ao arroz eu nao como sangue...portanto... lol...ja sabes!!! BEIJOKAS e bom feriado!
ResponderEliminarAi estas comidinhas que eu adoro!!! que aspecto divinal!
ResponderEliminarbjs
Que bom aspecto :) E tradições são tradições!!!
ResponderEliminarbeijinhos
humq ue rico dia linda.
ResponderEliminareu nao gosto nada desse arroz